sábado, 26 de junho de 2010

Crítica


O que estraga o adultério é ser clandestino

Nos idos de 1920, tempo em que o amor, o casamento e a honra eram defendidos com a morte, Nelson Rodrigues transfor­mou suas experiências de vida em milhares de contos publicados na coluna A vida como ela é. Alguns desses contos acabam de ganhar adaptação da Cia Teatro Sim... Por Que Não?!!!, que no mês de julho faz temporada no Teatro da UFSC.

Fiel ao texto, com sobressaltos ao cômico das histórias, o diretor e adaptador, Luís Artur Nunes criou um espetáculo memorável, mas que não esconde a morbidez das tra­gédias contadas por Nelson. Como o caso da esposa que prefere mor­rer para não sucumbir ao adultério ou do menino criado sob as regalias de mulheres que no dia do casa­mento se enforca vestido de noiva.

O confronto visível é entre os complexos femininos, para o autor existente, e as leis da rudeza mascu­lina, que se não é visto como trágico, diverte muito. Como o tio que acon­selha o sobrinho a matar a mulher para não levar um cuspir na cara.

A peça transcorre sob iluminação excelente e sombras adequadas as expressões, com canções de Eliseth Cardoso e Dolores Duran. Entre os seis atores, que muitas vezes se revezam no mesmo personagem, se destacam Valdir Silva e Berna Sant’Anna, pela interpretação pontuada

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